Um júri de Michigan condenou por homicídio culposo (sem intenção) nesta terça-feira a mãe de um adolescente que matou quatro colegas a tiros em uma escola de ensino médio perto de Detroit, depois que os promotores argumentaram que ela era responsável porque ela e o marido deram uma arma ao filho e ignoraram os sinais de alerta de violência.
Acredita-se que o julgamento de Jennifer Crumbley, de 45 anos, tenha sido o primeiro em que um pai ou mãe enfrentou uma acusação formal de homicídio culposo nos Estados Unidos decorrente de um ataque em uma escola cometido por seu filho. Ela enfrentou quatro acusações de homicídio culposo, uma para cada uma das vítimas da Oxford High School no ataque de 2021. Os jurados começaram a deliberar na segunda-feira.
Seu marido, James Crumbley, 47, deve enfrentar seu próprio julgamento por acusações de homicídio culposo em março.
O filho do casal, Ethan, tinha 15 anos na época do ataque na Oxford High School envolvendo uma pistola semiautomática. Ele se declarou culpado em 2022 de quatro acusações de assassinato em primeiro grau e outras acusações e foi condenado à prisão perpétua sem liberdade condicional em dezembro.
Os Estados Unidos, um país com persistente violência armada, têm sofrido uma série de ataques a tiros em escolas ao longo dos anos, muitas vezes cometidos por alunos ou ex-alunos.
Os promotores do Condado de Oakland argumentaram durante o julgamento que Jennifer Crumbley, mesmo não tendo apertado o gatilho, guardou a arma e a munição de forma negligente e deveria ser responsabilizada criminalmente pelas mortes. Eles disseram que ela e o marido sabiam que Ethan estava mentalmente em uma “espiral descendente” e representava um perigo para os outros, mas permitiram que ele tivesse acesso a armas de fogo, incluindo a pistola de 9 mm que foi comprada como presente de Natal e foi usada para matar seus colegas.
Shannon Smith, advogada de Jennifer Crumbley, argumentou que ela não era responsável por comprar ou guardar a arma usada por seu filho no ataque, que não havia sinais de alerta reais de que ele mataria seus colegas e que ela não poderia ter previsto razoavelmente que o crime ocorreria. Jennifer Crumbley testemunhou em sua própria defesa, dizendo que seu marido era responsável por guardar de forma segura as armas de fogo na casa da família e que, embora seu filho estivesse com ansiedade sobre entrar na faculdade e saber o que fazer na vida, ela não achava que seus problemas mereciam uma consulta com um psiquiatra.
A promotora do condado de Oakland Karen McDonald disse aos jurados durante as alegações finais em 2 de fevereiro que Jennifer Crumbley havia “feito o impensável”. Smith, durante seus argumentos finais, pediu aos jurados que considerassem sua cliente inocente porque os crimes de seu filho eram “imprevisíveis”.
“Será que todos os pais podem realmente ser responsáveis por tudo o que seus filhos fazem?” Perguntou Smith. “SANGUE POR TODA PARTE” Especialistas em segurança de armas disseram que esperam que os julgamentos dos Crumbley sirvam como um alerta para que os pais protejam melhor as armas em casa. Cerca de 75% dos atiradores de escolas obtiveram as armas usadas nos ataques em suas próprias casas, de acordo com pesquisas do governo.
De acordo com os promotores, James Crumbley comprou a arma usada no crime quatro dias antes do ataque de 30 de novembro de 2021. Na manhã do ataque, um professor descobriu desenhos feitos por Ethan Crumbley representando uma arma de fogo, uma bala e uma figura sangrando ao lado das palavras “Sangue por toda parte”, “Minha vida é inútil” e “Os pensamentos não param – me ajudem”.
Os Crumbley, chamados à escola naquela manhã, foram informados de que Ethan precisava de aconselhamento e que eles precisavam levá-lo para casa, de acordo com os promotores. Mas o casal resistiu a levar o filho para casa e não revistou sua mochila nem perguntou a ele sobre a arma, disseram os promotores.
Jennifer Crumbley contestou esse relato, dizendo aos jurados que ela, seu marido e os professores concordaram mutuamente que Ethan poderia permanecer na escola naquele dia e que ela não achava que ele representava um perigo para os outros alunos. Ethan Crumbley voltou para a sala de aula e, mais tarde, saiu de um banheiro com a arma e começou a atirar, segundo os promotores.
Fonte: Uol Notícias