David Coverdale, vocalista icônico do Whitesnake e ex-integrante do Deep Purple, anunciou sua aposentadoria da música aos 74 anos, após mais de meio século dedicado ao rock. A confirmação veio por meio de um vídeo emocional divulgado nas redes sociais da banda, onde ele agradeceu fãs, músicos, equipe e familiares por acompanharem sua trajetória.
Nascido em Saltburn-by-the-Sea, na Inglaterra, em 22 de setembro de 1951, Coverdale começou sua carreira no final dos anos 1960, participando de bandas locais como Denver Mule e Skyliners.

O salto de sua carreira ocorreu quando ele se juntou ao Deep Purple em 1973, substituindo Ian Gillan. Com Coverdale na voz, o grupo lançou álbuns marcantes como Burn (1974), Stormbringer (1974) e Come Taste the Band (1975).
Durante esse período, Coverdale já mostrava sua versatilidade: embora não se identifique totalmente com o heavy metal, ele escreveu algumas músicas mais pesadas — como “Burn” e “Stormbringer” — para agradar seu parceiro de banda, o guitarrista Ritchie Blackmore.
Após a primeira dissolução do Deep Purple em 1976, Coverdale lançou dois álbuns solo: White Snake (1977) e Northwinds (1978). O álbum solo White Snake chegou a dar nome à banda que ele fundaria pouco depois: o Whitesnake.

Em 1978, ele formou o Whitesnake com músicos como Micky Moody e Bernie Marsden. O primeiro EP da banda, Snakebite, já apontava para a mistura de blues, soul e rhythm’n’blues que marcaria o som inicial da banda. Em outubro do mesmo ano, saiu o primeiro LP, Trouble, produzido por Martin Birch, com faixas como “Take Me With You” e “Trouble”.
Durante os anos 80, o Whitesnake evoluiu bastante em termos sonoros e comerciais. Alguns pontos altos da carreira de Coverdale com a banda:
- Lovehunter (1979) — já com elementos de blues e rock.
- Slide It In (1984) — produzido por Martin Birch, marcou uma transição importante no som da banda para um hard rock mais “americano”. Faixas como “Slide It In”, “Love Ain’t No Stranger” e “Slow An’ Easy” se destacaram.
- Whitesnake (1987) — talvez o álbum mais emblemático de Coverdale. Com hits como “Here I Go Again” (regravação), “Is This Love”, “Still of the Night” e “Crying in the Rain”, esse disco foi um lançamento gigantesco comercialmente.
- Slip of the Tongue (1989) — com guitarristas de peso como Steve Vai e Adrian Vandenberg, manteve a força, embora não tenha alcançado o mesmo impacto do álbum de 1987.

Além disso, em 2015, o Whitesnake lançou The Purple Album, que consiste em novas versões de músicas do Deep Purple (das fases em que Coverdale era vocalista), como “Burn” e “Stormbringer”.
David Coverdale e Jimmy Page
Uma das colaborações mais comentadas de Coverdale foi com Jimmy Page, ex-guitarrista do Led Zeppelin. Em 1993, eles lançaram o álbum Coverdale/Page. Apesar da expectativa alta, a parceria enfrentou desafios: Coverdale relatou, em entrevistas, que havia uma divergência de visões sobre o projeto, e que aspectos comerciais e criativos acabaram pesando.
David Coverdale se destacou por sua voz poderosa, emotiva e por sua habilidade de transitar entre baladas e riffs pesados. Segundo ele, nem todas as suas canções se encaixam no rótulo “heavy metal”, já que muitas têm um caráter mais lírico e emocional.
Além disso, ele sempre foi persistente e se reinventou ao longo dos anos. Por exemplo, no auge do sucesso nos anos 80, enfrentou tensões com membros da banda (como o guitarrista John Sykes), problemas de saúde e mudanças na indústria musical, mas conseguiu manter o Whitesnake relevante.
Alguns dos maiores sucessos de sua carreira, segundo listas de críticos e fãs, incluem:
- “Here I Go Again” (Whitesnake)
- “Is This Love” (Whitesnake)
- “Still of the Night” (Whitesnake)
- “Crying in the Rain” (Whitesnake)
- “Burn” (Deep Purple)
- “Stormbringer” (Deep Purple)
Além disso, sites como o Ultimate Classic Rock destacam outras faixas memoráveis como “Judgement Day” (Whitesnake), “Lady Luck” (Deep Purple) e “Pride and Joy” (Coverdale/Page).
Reconhecimento:
- Coverdale foi incluído no Rock & Roll Hall of Fame como membro do Deep Purple, o que reforça sua importância histórica.
- Sua longevidade na música, com mais de 50 anos de estrada, é um testemunho não só do seu talento, mas também de sua resiliência e paixão pelo rock.
- Ele inspirou muitos vocalistas posteriores com sua combinação de força, melodia e emoção.
No vídeo de despedida, Coverdale afirmou que os últimos anos deixaram claro que era o momento de “pendurar seus sapatos de plataforma e seus jeans apertados”. Ele disse querer aproveitar sua aposentadoria, agradecendo profundamente a todos que fizeram parte da sua jornada — fãs, equipe, músicos e família.
Relatos também indicam que problemas de saúde nas últimas temporadas contribuíram para a decisão de se afastar.


