Dia de Luta Contra a Violência à Mulher em um Cenário de Números Alarmantes
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher. A data, que evoca a coragem das manifestantes que se reuniram nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo em 1980, serve como um poderoso impulso para a reflexão sobre os números da violência de gênero e a urgência de fortalecer as ações de combate.
Mais de quatro décadas após o protesto histórico, a violência contra a mulher permanece um grave problema social, com dados recentes indicando um cenário que exige atenção máxima e intervenções mais eficazes.
A Persistência da Violência em Números de 2025
Apesar dos avanços legislativos e de conscientização, os índices de violência contra mulheres no Brasil continuam elevados em 2025. Os dados mais recentes, como os divulgados pelo Ministério das Mulheres, a partir da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, revelam a dura realidade:
- 86.025 denúncias de violência contra mulheres foram registradas pelo Ligue 180 apenas entre janeiro e 31 de julho de 2025.
- A violência é predominantemente cometida por parceiros ou ex-parceiros da vítima, configurando 47,58% dos casos reportados.
- Em relação ao tipo de violência no contexto doméstico e familiar, a violência física lidera com 41,4% dos casos (35.665 denúncias), seguida pela violência psicológica com 27,9% (24.021 denúncias).
- Os recortes sociais e raciais também são evidentes, mostrando que a maioria das vítimas é negra (44,3% das denúncias).
Além dos registros do Ligue 180, levantamentos como o Atlas da Violência 2025 do Ipea/FBSP continuam a alertar para a alta letalidade feminina, especialmente entre mulheres negras, reforçando que a maior parte dos casos de violência ocorre no ambiente doméstico. O país tem enfrentado, inclusive, um aumento nas ocorrências de feminicídios e estupros, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Pilares do Combate: Da Manifestação à Lei Maria da Penha
A origem do Dia Nacional de Luta, em 1980, marcou a história ao dar visibilidade à demanda por segurança e respeito. A coragem dessas manifestantes foi um dos fatores que, em 2006, resultou na sanção da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).
Reconhecida por 98% da população brasileira, a legislação é a principal ferramenta para coibir a violência doméstica e familiar, estabelecendo mecanismos de proteção e responsabilização para os agressores.
A lei impulsionou a estruturação da rede de atendimento especializada, um conjunto de serviços e programas que envolvem:
- Organismos de políticas para as mulheres, ONGs feministas e o movimento de mulheres.
- Serviços/programas voltados para a responsabilização dos agressores.
- Serviços especializados e não-especializados de atendimento às mulheres em situação de violência, como as Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs) e as Casas da Mulher Brasileira.
O Papel Fundamental do Ligue 180
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, mantida pelo Ministério das Mulheres, é um dos principais pilares dessa rede. O serviço de utilidade pública atua em duas frentes cruciais:
- Recepção de Denúncias: Registra as denúncias de violência e as encaminha aos órgãos competentes nos níveis estadual, distrital e municipal.
- Informação e Orientação: Presta informações sobre os procedimentos a serem tomados em casos de violação de direitos, leis (como a Lei Maria da Penha) e os serviços especializados da rede de atendimento mais próximos.
A ligação é gratuita, funciona 24 horas por dia e, para garantir a segurança da vítima, preserva o anonimato.
Neste 10 de outubro, a reflexão é clara: a luta contra a violência à mulher é contínua e a denúncia é o primeiro passo para romper o ciclo da agressão. Conhecer e utilizar os canais de apoio, como o Ligue 180, é fundamental para garantir a proteção e os direitos das brasileiras e estrangeiras em todo o país.
Se você ou alguém que conhece está sofrendo violência, denuncie: ligue 180 ou 190 (Polícia Militar em casos de emergência).