Desde que Alan J. Pakula lançou Todos os Homens do Presidente (All the President’s Man) em 1976, o filme segue sendo uma referência essencial não só do cinema político, mas também do debate sobre ética jornalística.
Lembro da primeira vez de assisti-lo, ainda no terceiro período do curso de Jornalismo, como tarefa de um trabalho na matéria de, veja só, Ética e Jornalismo.

Sinopse
Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman) são dois repórteres do Washington Post que começam investigando um arrombamento aparentemente trivial no edifício Watergate, durante a campanha de reeleição de Richard Nixon. A partir de ligações entre este incidente e gente do alto escalão do governo, eles desvendam uma trama de corrupção que culmina na renúncia do então presidente e no famoso “Caso Watergate”.
Considerações
Ética jornalística em primeiro plano
O que diferencia Todos os Homens do Presidente de muitos filmes sobre política ou conspiração é sua insistência no processo: as entrevistas, as ligações, as fontes anônimas a paciência com os fracassos iniciais. O filme mostra o jornalismo como um ofício e não apenas como um instrumento de exposição ou espetáculo.
Há, no filme, uma tensão ética não trivial: até onde se pode ir para obter a verdade? Qual o peso da responsabilidade ao usar fontes que devem permanecer anônimas? Como equilibrar a pressa pela resposta com rigor da informação? É esse debate que fica em cena em muitos momentos (e segue muito atual).
O longa funciona como testemunho e inspiração para tempos em que transparência e responsabilidade não são garantidas.
Atuações de Robert Redford e Dustin Hoffman
Ambas são centrais para o andamento e sucesso do filme. Redford como Woodward transmite uma serenidade, cuidado e trabalho meticuloso. Hoffman como Bernstein já traz uma inquietude e uma força do instinto, que ajuda a humanizar a dupla. O filme não tenta os colocar como heróis, mas como profissionais nem um pouco intocáveis.

Conclusão
Todos os Homens do Presidente é, acima de tudo, um filme que defende a dignidade do jornalismo: que ele importa, que investigar fatos pode mudar rumos, e que a liberdade de imprensa é um dos sustentáculos de uma sociedade saudável. Ele nos propõe uma reflexão: em que medida estamos dispostos, hoje, para exigir rigor, coragem e transparência?
Nota: 10/10