A tensão comercial entre EUA e China ameaça setores estratégicos do estado, como petróleo, soja e indústria
A escalada da guerra tarifária entre os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, e a China pode ter reflexos negativos na economia da Bahia, afetando setores como petróleo, commodities agrícolas e indústria. Especialistas alertam que o conflito comercial global pode reduzir a demanda por produtos baianos, pressionar preços e desacelerar investimentos no estado.
Impacto no Agronegócio e Commodities
A Bahia é um importante produtor de soja, algodão e café, commodities que têm a China como um dos principais destinos. Com as tarifas impostas por Trump, a China pode buscar alternativas para compensar as perdas em suas exportações para os EUA, reduzindo importações de outros países, incluindo o Brasil.
– Aurélio Pavinato, executivo da SLC Agrícola, uma das principais produtoras de grão do Brasil, destacou que o país estava “numa boa posição” para capitalizar diante da guerra tarifária.
“Com a China de olho em diversificar os fornecedores e a Europa enxergando o Brasil como uma opção estável, vemos um crescimento da demanda estrangeira e um aumento significativo de preços”, disse ele.
Além disso, o algodão baiano, que tem grande participação no mercado internacional, pode enfrentar concorrência ainda mais acirrada, caso os EUA redirecionem seus excedentes para outros mercados.
Petróleo e Indústria em Risco
A Bahia também é um polo petrolífero, com participação relevante na produção nacional. A guerra comercial entre EUA e China pode desacelerar o crescimento global, reduzindo a demanda por petróleo e derrubando os preços internacionais.
– “Uma queda prolongada no preço do barril pode desestimular investimentos em exploração e refino, afetando empresas sediadas no estado, como a Bahia Negócios de Energia”, avalia a especialista em comércio exterior Carla Moura.
Já o setor industrial, que vem se recuperando lentamente na Bahia, pode enfrentar novos obstáculos. Aumentos tarifários em insumos importados, como aço e componentes eletrônicos, podem encarecer a produção local, especialmente em segmentos como automotivo e eletroeletrônicos.
Turismo e Câmbio
A desvalorização do real frente ao dólar, agravada pela instabilidade comercial global, pode encarecer viagens internacionais para os baianos, mas também trazer mais turistas estrangeiros em busca de destinos como Salvador e Costa do Sauípe. No entanto, se a crise se aprofundar, o poder de compra de estrangeiros pode diminuir, afetando o fluxo turístico.
O Que Esperar?
Enquanto o governo federal busca acordos bilaterais para proteger a economia brasileira, a Bahia precisa diversificar seus mercados e fortalecer setores menos dependentes do comércio exterior. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, “é hora de acelerar parcerias regionais e investir em competitividade para reduzir os impactos dessa guerra comercial”.
Enquanto Trump e China não chegarem a um acordo, os efeitos dessa disputa devem continuar preocupando empresários e produtores baianos em 2025.